“Peco”

09/02/2012 by

            O dia no trabalho, como sempre, foi um saco, não vale comentar aqui! Então eu voltei e resolvi ir até a praça aqui perto de casa olhar as pessoas um pouco. Eu sei que no trabalho eu estou sempre rodeado de pessoas, mas às vezes é legal ver algumas que não tem a intenção de te matar. A idéia, na verdade, era ter idéias pra escrever, criar personagens, sei lá, qualquer porra de idéia que olhar pessoas pudesse me dar! O plano era ter saído assim que cheguei em casa, mas embacei tanto que só acabei saindo de casa às 21:15. Daí tudo foi genial!

            Nos últimos meses – pra não dizer no último ano -, a minha ocupação principal ao chegar em casa foi uma grande dose de porra nenhuma. Eu simplesmente chego, sento na frente do computador e fico não fazendo nada, que é tudo o que a internet me proporciona na prática. Dessa vez, indo até a praça, foi muito diferente. O motivo principal era que eu estava em um lugar no qual eu não precisava estar, mas queria estar. Tudo bem, eu costumo ir pra lugares que eu quero no meu final de semana, mas dessa vez foi um lugar simples e diferente do que eu estava habituado ultimamente. Eu coloquei meus fones de ouvido e fiquei olhando as pessoas andando em volta da praça, passeando com o cachorro – acreditem, tinha bastante gente, apesar de ser quase 22h. Ao som de Iron, In Flames, Korn e trilhas sonoras de filmes, minha cabeça divagava. Tive idéias pra uns três contos e simplesmente não conseguia parar de caminhar! Teve um momento que eu tirei os fones pra ver uma ligação perdida e eu notei uma coisa. Quando você está muito longe de uma pessoa e há várias pessoas em volta falando ao mesmo tempo, mas você quer ouvir a voz daquela pessoa em específico, é só você olhar para os lábios dela se mexendo e magicamente você ouve a voz dela! O mesmo aconteceu comigo quando tirei os fones, mas com sentidos diferentes. Quando eu comecei a ouvir o som ambiente, eu passei a sentir o cheiro do lugar. Foi esquisito, nunca tinha me acontecido! E o cheiro que eu estava sentindo era muito nostálgico, misturado ainda com as imagens que a praça me traz da infância. Foi lá que eu aprendi a andar de bicicleta, lá tive conversas importantes com amigos, fiquei com a minha primeira ficante e é lá que hoje acaba a Corrida Papai Noel. Daí pra frente eu ja nem me dava conta de que estava há quase uma hora andando em círculos. Paradoxalmente andar em círculos me fez chegar a boas conclusões sobre coisas que eu não estava disposto a pensar a respeito da minha vida, principalmente profissional. Também fiquei pensando sobre como é chato que agora a maioria dos assuntos entre meus amigos de infância tenham a ver com postagens engraçadas e vídeos no facebook. Mas isso requer um post próprio.

Bom, eu fiquei andando por mais de uma hora, depois tomei um chá na padaria lá perto e vi mais pessoas, mas a empolgação já não era tanta. Então cheguei em casa….e postei num blog.

Sacolas plásticas

02/02/2012 by

Não precisava comprar muitas coisas no mercado, um pacote de pão, um litro de leite, meia dúzia de limões, meia de banana e um pote de nutella. Com essa história de não ter mais sacolas plásticas achei que não faria sentido usar aquelas do setor hortifruti. Peguei as bananas e os limões, os pesei fora da sacola mesmo e coloquei a etiqueta com o preço no braço. Pus tudo no carrinho e fui para o caixa.
A moça me olhou meio sem graça mas acabou encontrando coragem para interferir:
– Senhor, os produtos do setor hortifruti precisam ser pesados
– Sim, eu sei. Eu pesei. – tirei as etiquetas do braço – Essa é dos limões e essa das bananas.
– Mas senhor, os produtos precisam estar dentro do saco plástico e a etiqueta no saco plástico.
– Ué, mas não tinham proibido as sacolas plásticas?
– Sim, mas só as do caixa, a do hortifruti pode.
Fiz cara de “e daí?” e ela disse que não poderia finalizar a compra.
Voltei ao setor hortifruti, peguei algumas sacolas, coloquei as banadas e os limões e colei as etiquetas, tudo como deveria ser.
– Pronto. Agora tá certo?
– Sim senhor, obrigado.
Ela passou as compras e por fim perguntou:
– Vai querer as novas sacolas biodegradáveis? Custam dezenove centavos cada.
– Não, obrigado. Tenho essas aqui. – e tirei mais algumas do setor hortifruti do bolso.
– Mas senhor, essas são somente para pesar as frutas e legumes, não para levar as compras.
– E daí? – respondi já colocando os outros produtos dentro de um saquinho – Por que essas podem e aquelas outras não?

O dia que um taxista tentou me matar

20/01/2012 by

É normal lá no trabalho que as pessoas voltem para casa de taxi quando saem muitas horas depois do seu horário normal. Por isso a empresa tem convênio com uma empresa de taxi, uma das maiores da cidade, e alguns boletos à disposição dos funcionários para esses casos.
Eu já saio tarde naturalmente, então só me aproveito dessas ocasiões para pegar uma carona até o metrô e economizar alguns minutos no trajeto. Geralmente vou no banco da frente mesmo, pois desço logo e se o motorista for simpático, até dá pra conversar um pouco, penso que o cara stá de saco cheio de ficar andando prum lado pro outro carregando gente e não custa nada tentar amenizar um pouco essa situação.
Num dia desses o taxista tentou dar uma de pilantrinha e fez um caminho maior do que deveria, uma corrida de 23 Reais passou dos 35. Reclamamos na hora, ele pediu desculpas e ficou por isso. Na hora de me deixar próximo ao metro, pedi que parasse no semáforo mesmo que já estava ótimo. Meio irritado com a lerdeza e o caminho todo torto que o idiota tinha feito, desci do taxi meio puto e acabei fechando a porta com um pouco mais de violência do que deveria, ou pelo menos foi o que me fizeram acreditar…
Um pouco depois de sair do taxi chega uma mensagem no celular, enviada pelo cara que ainda estava no carro e era o passageiro “original”
“o cara tá puto pra caralho que você bateu a porta do carro”
Eu ri. Nem percebi que tinha feito isto, mas beleza, acontece.
Alguns dias depois um novo taxi foi chamado e aproveitei a carona. Era o mesmo motorista e ficou me olhando puto da vida. Sentei o banco de trás e fechei a porta com um cuidado até exagerado. Ele vira pra mim, com fumaça saido pelas narinas:
– Vai o banco de trás hoje?
Respondi da forma mais seca possível:
– Vou.
– Só vou pegar um negócio ali atrás no carro e já volto.
Ai ele tira o cinto e desce do carro. O outro passageiro do taxi (o mesmo da outra vez, que me mandou a mensagem) me olha com cara de “o que esse maluco tá fazendo?”. O taxista abre o porta malas, pega algo (ou finge pegar) e volta pro seu local de trabalho e sai com taxi.
Meu amigo de taxi explica o caminho, mais uma vez ele me deixaria na estação do metrô.
– Mesmo esquema da outra vez. – eu complementei.
Eis que o taxista me olha, ainda com aquela fúria nos olhos, pelo retrovisor:
– Não vai ser o mesmo esquema não.
O celular apita acusando uma nova mensagem
“achei que ele ia te matar”
Eu também.
Ele seguiu seu caminho, aquele silêncio fúnebre dentro do carro. Dessa vez ele não fez o caminho escroto que aumentava o valor da corrida então estava tudo bem.
Na hora parar perto do metrô para meu desembarque, reparei que o motorista começou a tirar o cinto, sem tirar os olhos do meu reflexo no retrovisor.
“O que esse filho da puta tá pensando? Que eu vou bater a porta de novo por birra e sair correndo? Não seria uma má ideia pois com esse sobrepeso todo ele não me alcançaria nunca. Mas e aí, ele vai tirar uma arma e apontar pra mim? Me dar um tiro porque supostamente bati a porta do seu carro?”
Então ele parou no semáforo, tirou o cinto e ficou me olhando com o canto do olho, uma mão no freio de mão e a outra na porta. Dava quase pra sentir a fúria saindo dos seus olhos, já esbugalhados e marcados pelas veias. Antes de descer me inclinei para frente, pus uma mão no seu ombro e disse:
– Antes de sair quero pedir desculpas, porque ele disse que você ficou puto porque bati a porta da outra vez, mas foi sem querer.
– Você sabe que não foi.
“Claro, o filho da puta nem me conhece mas entende minhas intenções. Eu saio tarde pra caralho do trabalho, de saco cheio e morrendo de vontade de chegar logo em casa e vou bater a porra da porta do taxista por pirraça?”
– Foi sem quere sim, por isso estou pedindo desculpas.
Abri a porta, sai do carro mas ainda deu tempo de ouvir ele dizer meio que a contra gosto.
– Beleza, vai com deus.
Mas acho que quem tá precisando de deus é ele.

“Rotina” – ou “Texto Nada Filosófico Que Não Vai Acrescentar Nada Na Sua Vida”

12/01/2012 by

Rotina é chato.

Sei lá, eu conheço gente que gosta e tal, mas é raro, ou é porque são pessoas realmente realizadas com o que fazem – o que é cada vez mais raro de se ver. Levantar todo dia no mesmo horário pra fazer as mesmas coisas e depois voltar pra casa pensando que vai fazer algo de diferente são coisas que só te fazem pensar sempre no mesmo assunto, impreterivelmente te levando ao sono, que quando acaba faz com que você volte a fazer tudo de novo, e daí para sempre.

Daí eu penso no Bruce Wayne.

Acorda cedo, geralmente todo fodido, faz um pouquinho de exercício, lucra bilhões com uma empresa na qual ele mal trabalha e passa o dia pensando em como agir durante a noite. Então à noite, veste sua coragem e parte pra quebrar cabeças – sem matar ninguém, é claro. Como ninguém morre, a coisa fica meio lúdica: “Eu te prendo hoje, amanha você sai e eu te prendo de novo! Porque é isso que eu faço pra viver!”. Daí ele salva o mundo todos os dias, mas de um jeito que isso não acaba nunca. Ta aí um cara criativo, fez da rotina uma coisa legal!

Eu fiquei o dia inteiro no banco. Atendendo clientes. É tão automático que eu nem penso mais pra falar as coisas. O Bruce Wayne salvou o mundo, eu processei pagamentos dos outros. E a coisa que mais separa a minha realidade da dele é que ele não existe. Acho que o truque pra rotina ser boa é não existir!

Rotinas reais são chatas.

recepcionando estrangeiros, causo II

19/08/2011 by

Nesse último final de semana recebi mais dois hóspedes devido ao Couch Surfing. Dois rapazes da Alemanha amigos de uma garota que já havia me hospedado (e visitado também) antes.
Sábado, véspera de dia dos pais, foi dificil encontrar companhia para a noite paulistana. O que melhor então que aproveitar para ir numa festa que nunca havia ido? Se eles não gostassem, não reclamariam (muito) depois.
Festa num prédio velho do centro, bem próximo à Praça da República, um lugar não muito seguro para se andar durante a noite, mas não tivemos problemas, e pudemos aproveitar a beleza sépia do centro da cidade sem nos preocupar.
A festa foi boa, melhor do que imaginei e acho que bem diferente do que imaginava também, algumas coisas estranhas aconteceram mas não é esse o tema de hoje.
Na volta para casa, lá pelas seis e pouco da manhã, pegamos o ônibus no terminal do metrô para ir embora. Sentamos no último banco, um em cada ponta e eu no meio, no banco dos bobos. Eis que surge uma garota, rosto bonito, não tão acima do peso, e provavelmente jovem demais para estar voltando para casa naquele horário.
– Posso sentar aí?
Ela apontou no espaço entre eu e um dos alemães, que estava com as pernas em cima do banco o ocupando. Empurrei a perna dele para o lado, que quase caindo de sono não entendeu nada, e ela se sentou. Pouco tempo depois ela perguntou:
– Vocês são punks?
– Não. Por que?
– Nada.
– Parece?
– É, um pouco.
(nota: nós três vestíamos camiseta preta, e isso era o mais perto que chegávamos de sermos “punks”)
O alemão que estava ao lado dela me fez alguma pergunta e começamos a conversar, em inglês, com a garota entre nós. Ela olhou pra mim e disse:
– Vocês não são daqui?
– Eu sou
– Ah, então estão falando em inglês só pra me zuar?
– Hahahaha, não. Eu sou daqui, eles não.
Seus olhos abriram de tal forma que pensei que fossem sair das órbitas
– SÉRIO?
– É ué!
– Nossa! Que legal! Eles são de onde?
– Da Alemanha!
E toda sorridente e sem parar de sorrir, começou a mexer no celular. Os dois alemães, curiosos, pediram que eu explicasse o que havia acontecido. Ela me mostrou o celular dizendo:
– Falei pra minha amiga que tinha dois alemães comigo no ônibus, olha o que ela respondeu:
“kkkkkk serio amiga? nossa fica amiga deles e ve se rola um skema”
Traduzi para eles e rimos tdos juntos.
– Vocês estão voltando de qual balada? – ela perguntou
– Ah, uma festa doida no centro. E você?
– Dum baile funk. Em Itaquera.
Fiz cara de “bela merda” e ela continuou:
– Acho que você não gosta de funk né?
– Não.
– Hum… Posso te contar como foi meu dia?
E então ela contou sobre o show funk, como havia feito para ir ao camarim e tirar fotos com os “artistas”, o quanto havia bebido, que havia dirigido o carro do amigo, e que só tinha 16 anos.
– E agora pra deixar meu dia ainda mais perfeito – ela continuou – tem dois gringos no ônibus comigo! Nossa, tô tão feliz!
Ela pediu e expliquei como os conhecia e que eles estavam em Sâo Paulo apenas de passagem, ela, aproveitando a deixa da “internet” perguntou:
– Você tem Facebook?
– Tenho sim.
– Posso te adicionar?
– Não!
Ela riu, e continuou:
– Não, tô falando sério.
– Eu também. Não vou te adicionar.
A alegria deu uma ligeira diminuída, mas ela ainda sorria. De repente ela olha para mim novamente, com um sorriso igual ao do Coriga estampado no rosto e sem conseguir falar de tanta emoção, chacoalhando as mãos. Percebi que o alemão estava dormindo e sua cabeça estava sobre o ombro da garota, uma situação bem típica quando dormimos num ônibus. O alemão provavelmente não estava tão próximo dela quanto ela gostaria, mas ela sabia que era o máximo que conseguiria ter.
Ele acordou e ela começou a rir. Ele olhou pra mim e disse:
– Why are you laughing? What happened?
– Nothing dude, but you just made her day!

a música faz o mundo girar

09/06/2011 by

Estava concentrado em minha leitura diária no metrô quando vozes passaram a me distrair. Sim, o metrô é barulhento por natureza, mas desde que esse barulho não ultrapasse um certo volume minha atenção não é prejudicada, o que não foi o caso.
Palavras eram balbuciadas quase num grito, sem ritmo, entonação constante e imcompreensíveis. Era possível perceber no rosto de diversas pessoas que elas também estavam incomodadas, olhei ao redor e achei a origem dos sons.
Uma menina, que pelo tamanho deveria ter uns 15 anos, mas, portadore da Síndrome de Down, tinha um rosto infantil. Um grande fone em seus ouvidos e um MP3Player na mão. Então entendi, ela estava feliz, cantando, e devido ao alto volume da música em seus ouvidos não controlava sua própria voz. De forma desconexa, sem ritmo, imcompreensível, mas cantando.
Neste momento aquilo deixou de me incomodar e um leve sorriso foi formado não só no meu resto mas também no de outras pessoas, enquanto outros ainda demonstravam incômodo. Prestando mais atenção percebi que ela só cantava uma única parte da música, as palavras se repetiam e havia um certo intervalo até que ela recomeçasse a cantar. Era em inglês. E as únicas palavras pronunciadas perfeitamente eram as que terminavam o refrão “I don’t know. I don’t know“.
“Conheço essa música”, pensei, e tentei encaixar essas poucas palavras e o quase ritmo em algo que conhecia. Então veio o estalo.
Ela não só estava feliz por causa da música a ponto de cantá-la em voz alta sem se importar com as pessoas no metrô, mas era uma música do NINE INCH NAILS, The Line Begins to Blur.

Ok, talvez a música não fosse exatamente essa, mas gosto de pensar assim, me deixa tão feliz quanto ela aparentava.

Homens na cozinha.

19/03/2011 by

Hoje em dia talvez nem seja lá um grande tabu falar sobre homens desenvolvendo receitas. Pelo menos não é tabu entre as pessoas mais jovens. Muitos já moraram sozinhos e tiveram que aprender a preparar algo além de miojo e comida de microondas. Eu fui um desses.

Cozinhar e aprimorar este “talento” tem lá seus lados bons. É sempre um ponto positivo quando se traz um grupo de amigos pra casa ou aquela menina do caso que acabou em pizza. Mas nem tudo são flores. Ser homem e cozinhar também gera bastante espanto entre os mais velhos. Recentemente eu inventei um doce de tofu e, para a minha surpresa e para a de todos os que provaram até agora, ficou uma delícia. Foi quando eu resolvi fazer um experimento.

Eu preparei o meu doce de tofu e entreguei para 2 tias. Pra uma, eu disse que comprei. Para a outra, eu disse que eu fiz. Vieram da mesma panela e do mesmo lote.

A tia que comeu o doce “comprado” achou uma delícia e queria saber onde ela poderia comprar também.

– Olha, na verdade a mulher só faz por encomenda – disse eu, mantendo o disfarce.

A tia que comeu o doce “feito por mim” comeu fazendo careta, mas quando o doce finalmente entrou em sua boca, elogiou:

– Até que está gostoso, mas tá faltando um coco ralado, umas nozes ou algo assim.

Pra mim isso já era prova o suficiente. O comprado realmente era melhor. Foi quando resolvi fazer o teste final: Levei outras duas amostras para minha mãe e disse que um era comprado e o outro era feito por mim.

Ela comeu o primeiro, que era “comprado” e disse:

– Realmente é muito bom. Eu nunca havia experimentado isso antes. Muito bom.

Daí eu falei que eu havia tentado fazer igual e entreguei o “resultado do meu trabalho” pra ela, sem que ela soubesse que fui eu quem fiz os dois.

– É, Joel. Dá pra dar uma melhoradinha, mas o seu está muito bom também.

PORRA!! ATÉ VOCÊ, MÃE?

Tudo por 1 real.

25/02/2011 by

Eu buscava um cubo mágico e pensei que o lugar mais adequado para encontrá-lo seria numa “loja de 1 real”.

Realmente há de tudo nesse tipo de loja. Produtos de beleza, higiene, comida… Finalmente cheguei aos brinquedos; Bonecos, kits de mágica, brinquedos de praia e nada do cubo mágico.

Dois meninos se aproximam. O mais novo, com 6 reais na mão, perguntou ao irmão:

– Será que dá pra comprar dois desses bonecos com 6 reais?

– Não sei – Responde o mais velho – Quanto eles custam?

O menino puxa o boneco, olha ao redor, busca alguma etiqueta com preço no verso e diz:

– Não sei. Não tem preço.

Eu poderia ter dito pra eles que na loja de 1 real, tudo custa 1 real. Mas lembro que toda pessoa mais velha que se aproximava de mim quando eu era criança só fazia isso pra dar bronca. Além do mais, eu queria ver a reação deles.

– Mããe!!! Dá pra eu comprar esses dois bonecos com 6 reais?

A mãe responde: ” Não. ”

As crianças voltam pra prateleira dos brinquedos meio cabisbaixos e colocam os dois bonecos onde acharam.

Resolvi fazer um experimento, e disse:

– Com 6 reais vocês podem comprar 6 desses bonecos.

Um sorriso daqueles que só crianças conseguem fazer se abriu no rosto de cada um deles. Eles pegam 6 bonecos e falam pra mãe:

– Aquele moço falou que dá pra comprar 6 bonecos com 6 reais.

A mãe me olhou com fogo nos olhos. Colocou os 6 bonecos no cesto e tirou 6 esmaltes de unha de dentro dele.

A cara deles de felicidade, e a da mãe deles de ódio, foi impagável. O menino tinha razão: Os bonecos realmente não tinham preço.

Perdendo peso.

09/02/2011 by

-Qual é, Maurício? Quais são as novas?

-Então, Joel. Meu carro quebrou e há duas semanas tenho corrido de um lugar pro outro. Não dá pra ficar esperando ônibus. Já perdi 5 quilos.

-Isso é admirável! Você está certo! Não dá pra ser conformista. Ainda mais quando o trânsito é péssimo e o sistema de transporte público é uma piada.

-Pois é. Correr tem me feito bem. E já decidi também que nesse ano eu vou correr a São Silvestre. Vamo aí?

-Uau, Maurício! O carro ter quebrado acabou sendo ótimo na sua vida, não? Mas acho que eu não consigo correr uma São Silvestre não.

-Consegue sim, Joel! Cara, é só ir de pouquinho em pouquinho, ganhando condicionamento. Corre 1 kilômetro hoje, daí amanhã você corre outro, e depois corre 3, depois 4… Em dois meses você fica pronto!

-Não acho que seja tão fácil assim.

-Você já tentou? Eu perdi 5 quilos nessas 2 semanas que eu não consegui perder nos últimos 4 anos e eu já tinha tentado de tudo.

Ele tinha razão. Resolvi seguir o conselho. Corri até a esquina. E quase morri de falta de ar na volta.

Boas Ações

18/01/2011 by

Neste fim de semana hospedei um turista em casa, mais uma vez. Uma forma de retribuir a gentileza que me foi “oferecida” quando estive na Europa e de conhecer novas culturas e novas pessoas, sem sair de casa. E ainda mostrar o lado que gosto de Sâo Paulo, um lado que eu acredito que um turista acaba não vendo sem alguém local por perto.

Ontem sai para trabalhar e o hóspede saiu mais tarde, dar uma volta pelo centro, tirar umas fotos e tal. Combinamos de nos encontrar no metrô às 22h para voltar para casa, já que nem meus amigos que me conhecem há eras e falam português sabem chegar na minha casa de ônibus (por pura preguiça, é verdade) quem diria um gringo perdido e meio atrapalhado!

Eis que, às 18h ele me liga, a cobrar de um orelhão qualquer:
“Olha, já vi tudo que queria e ia ficar muito tempo te esperando na rua. Tenho que arrumar a mala e outras coisas para ir embora amanhã, então vou tentar ir embora sozinho, ok?”
“Tudo bem. Mas você lembra o caminho?”
“Acho que sim. Só preciso saber em que metrô desço e qual ônibus pego”

Informações dadas, só me restou torcer para que desse tudo certo. Trintas minutos depois o telefone toca:
“O ônibus que você falou não existe!”

Expliquei de novo, que o ônibus não saia da estação, mas de um local próximo “pegamos ele tal dia, lembra?” “ah sim, beleza”.
Voltei para a torcida.

Mais quarenta minutos e o telefone toca. Dessa vez era um número de celular desconhecido:
“Alô?”
“Oi”
“Cara, eu estou aqui com seu amigo. Ele está perdido e não sabe voltar pra sua casa, e ele não fala português né”
Confesso que fiquei um pouco assustado
“Onde ele tá?”
“Aqui no metrô. Pediu para eu te ligar para ver como ele faz para ir embora”

Expliquei para o estranho ao telefone, ele conhecia o local e era muito mais fácil ele mostrar para o gringo do que eu apenas falando pelo telefone.

Cheguei em casa algumas horas depois, o gringo já estava lá e me contou suas aventuras sobre o seu retorno. No meu celular havia uma mensagem do número desconhecido que havia me ligado:
“oi. seu amigo conseguiu voltar para casa? tá tudo bem?”
“conseguiu sim. obrigado pela ajuda”
“imagina, que isso! que bom que deu tudo certo. abraço”

Ainda existem pessoas dispostas a ajudar, nem que seja um gringo perdido. Talvez ainda exista alguma esperança por aí.